Ir para o Conteúdo da página Ir para o Menu da página
Carregando Dados...
DEIXE AQUI SEU PALPITE PARA O JOGO DO CRICIÚMA!

Incidência de animais no Heriberto Hülse é estudada pela Unesc

Após aparecimento de um gambá no jogo entre Criciúma x Londrina, profissionais da Universidade fazem análises no estádio

Por Redação Criciúma (SC), 26/05/2022 - 09:56 Atualizado em 26/05/2022 - 10:01
Foto: Celso da Luz/ Criciúma E.C.
Foto: Celso da Luz/ Criciúma E.C.

Quer receber notícias como esta em seu Whatsapp? Clique aqui e entre para nosso grupo

Já eram mais de 26 minutos do segundo tempo. Os cerca de nove mil torcedores que pintavam as arquibancadas do estádio Heriberto Hülse de preto, amarelo e branco explodiram em uma grande histeria, menor, é claro que aquela dos 16 minutos do primeiro tempo, quando Marquinhos Gabriel fez o gol que deu a vitória por 1x0 para o Tigre sobre o Londrina, em seu primeiro jogo no Campeonato Brasileiro da Série B de 2022.

Os gritos não festejavam mais um gol, não foram porque um jogador adversário foi expulso, nem porque o árbitro da partida escorregou e caiu. O que ocorria era algo inusitado. Um elemento estranho a uma partida de futebol entrara no campo.

Alheio aos gritos que vinham da arquibancada, um simpático gambá eava pelo gramado, desfilando todo o seu charme e gingado.

ado o fato, surgiu uma pergunta: é comum que ele estivesse no estádio, localizado na área central de Criciúma? Sobre o caso, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), exigiu uma resposta à direção do Carvoeiro, que por sua vez procurou a Unesc que ou a fazer estudos acerca do assunto.

A missão ficou a cargo do coordenador do Departamento de Ciências Biológicas e do Laboratório de Zoologia e Ecologia dos Vertebrados e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Fernando Carvalho, que, com toda a sua equipe, fez a primeira visita ao Majestoso nesta quarta-feira (25). "Após reunião com a direção do clube para entender o que precisava ser feito e de que forma poderíamos contribuir, definimos que faríamos uma análise da estrutura do estádio para tentar identificar se há indício da incidência de outros animais e em quais locais podem se alojar durante o período diurno, pois esses gambás são de hábitos noturnos", revela o professor.

No rastro dos bichos

Para identificar se há mais animais circulando no interior do estádio, serão instaladas dez câmeras fotográficas, que são ativadas por movimento. Então, caso um bicho e por ela, uma foto ou um vídeo é registrado.  "Com estes equipamentos, queremos ter certeza se há algum animal e qual. Se houver, partiremos para um outro momento do trabalho que seria a retirada deles e daremos a destinação adequada", comenta Carvalho, acrescentando que o trabalho iniciou pelo coordenador do curso de Educação Física da Unesc, professor Joni Márcio. "Tudo começou com o professor Joni que já desenvolve um trabalho com o Criciúma. O clube estava com a demanda de responder à CBF sobre a invasão do gambá ao campo porque para a confederação, a entrada de um animal no decorrer do jogo é ível de multa. O clube precisa preparar uma justificativa de que aquilo foi um acidente e a chance de acontecer novamente será minimizada, mostrando que está se preparando para enfrentar este problema", explica.

Conforme Fernando, o Criciúma E.C. fica com significativa responsabilidade, primeiro com os jogadores e torcedores, e também com os animais. "Seria muito fácil contratar uma empresa, tirá-los e colocá-los em qualquer local, mas o Clube está procurando fazer isso da melhor forma possível e minimizar qualquer chance de outro animal entrar no campo, mas também está pensando na conservação e na importância deles na área urbana. Esta concepção ambiental também está sendo feita", afirma.

Na busca por estes "bichinhos", a análise conta com o apoio do Laboratório de Zoologia, o curso de Ciências Biológicas e o Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Unesc, envolvendo a ajuda de alunos.  

Ao final do trabalho, será elaborado um relatório com as características de tudo que foi observado, se foram registrados outros animais e se houve a necessidade de fazer a realocação. "O caso do gambá durante a partida ganhou as páginas da mídia nacional. Todos ficaram se perguntando como o animal entrou no gramado e vimos a oportunidade de mostrar ao público a preocupação do clube com o respeito aos animais. Por isso estamos produzindo juntamente com a Unesc um documento que garanta ao Criciúma uma sustentação jurídica em caso de reincidência", explica o presidente do clube, Anselmo Freitas.

O mandatário ainda destaca que valoriza a Universidade e a parceria gera bons exemplos para a sociedade. "Os profissionais e prestadores de serviços do clube também receberão a instrução correta no caso de acontecer novamente, para que o Corpo de Bombeiros possa ser chamado e realize a destinação correta do animal ao seu habitat", completa.

Animal que prefere cidade ao campo

Mas voltemos à pergunta feita no início do texto: é comum que gambás circulem pela área central de Criciúma? O professor Fernando Carvalho diz que sim. "Estes animais são o que chamamos de fauna sinantrópica, ou seja, uma fauna que tem associação com áreas urbanas ou que se habituaram a viver nestes ambientes. O gambá é um dos mamíferos que tem a maior capacidade de utilizar áreas residenciais, então ele fica em telhados, bueiros, embaixo de calçadas durante o dia, saindo à noite para procurar comida e fonte de água. Não tem nada de anormal ele estar ali, anormal foi invadir o jogo", cita.

Ainda conforme o professor, o gambá é um animal que tem uma grande plasticidade alimentar, podendo se alimentar de insetos, pequenos roedores, serpentes, frutas, ou até mesmo lixo. Outra característica que facilita o hábito de morar em áreas urbanas é a grande capacidade de escalar. "As mãos e os pés facilitam este movimento de escalada, utilizando ainda a cauda para auxiliar a pular muros e a subir em telhados", acrescenta.

Carvalho aponta duas possibilidades para que o pequeno gambá desfilasse todo o seu charme no gramado do Heriberto Hülse na noite do dia 14 de abril. "Pode ser que ele estivesse alojado sob as arquibancadas e se assustou ou até mesmo saiu para procurar alimento, se deparou com o barulho, e resolveu atravessar o campo. Por ser um animal noturno, quando há muita luz ele fica perdido. Foi uma situação atípica estar no meio campo, acabou entrando e fazendo o seu desfile no gramado", pontua.

Copyright © 2025.
Todos os direitos reservados ao Portal 4oito